Comentário de Geo Brito do CTO - Rio Sobre a Postagem de Mariana

terça-feira, 14 de abril de 2009

Gente,


Estou disponibilizando aqui, a contribuição de Geo Brito do CTO - Rio, sobre o debate que estamos desenvolvendo. Geo enviou o comentário para o Meu Email, mas acredito ser importante discuti-la: Alguem começa??





Abração


GIL



Foto de Geo Britto

http://www.ctorio.org.br/CURRICULO%20GEO.htm

"Alo caro Gil, como vai? Envie este texto aqui para os grupos assim facilita o Debate.



Ola Mariana como vai?



Seu texto traz um debate muito importante. Os dois Teatros sao fundamentais. Mas como começa a esbocar tem diferenças, por exemplo para mim, quando escreve "Teatro Épico que objetiva apresentar as contradições do sistema e proporcionar uma maior reflexão e *ação *dos espectadores" Eu tenho um discordancia, pois no T.Epico a açao é realizada pelos atores e nao pelos espectadores, que continuam sendo espectadores(aqueles que veem e esperam) no T.Oprimido sao especatores(veem para depois agir, entrar en cena no palco e na vida). Pois o ato de transformar é transformador. Um teorico estadunidense chamado Richard Scheneer disse

"Boal realizou aquilo que Brecht sonhou".



bj e vamos em frente.

Geo "

12 comentários:

Ton joslin,  14 de abril de 2009 às 21:08  

Muito bem colocado esse comentario do Geo, acho que é isso, Boal avança a Brecht no que tange trazer ao povo os meios de produção da arte, não é mais os profissionais do teatro e sim a proprio oprimido que se transforma em protagonista, não dizer como deve ser feito e sim pedir que se faça.
Mas ainda sim, a minha grande preocupação ainda paira no ar, o como aplicar o metodo, é necessario, como disse o proprio Geo "apresentar as contradições do sistema e proporcionar uma maior reflexão" no qual Brecht é tão atento, tenho duvidas se só filtrarmos o problema do individuo teremos um resultado gratificante no caminho de transformar nossa sociedade.
O Boal no livro "arco-iris do desejo", conta como chegou a criação da quebra da passividade do espectador, relata o caso de uma mulher que tinha sido enganada pelo marido, pois era analfabeta e não soube ver que os papeis que lhe entregava o marido não era recibos de uma casa e sim cartas da amante... nesse momento os atores não conseguiam representar uma das propostas da plateia e uma mulher "bem gorda" subiu ao palco e deu a alternativa, Boal que não é besta notou o poder desse ato e começou a fazer o teatro do oprimido, que chama ate de terapeutico.
Porem acho que se ficar so nessa de contar a historia do opressor o teatro se torna mesmo só terapeutico. Tá,legal... só que realmente me preocupo com a tal de uma tranformação da sociedade e acho que sem essa ação do Brecht de nos atentarmos a nossa realidade social a coisa fica dificil.Esvazia a discussão.

OBS:Ainda não li o livro "Arco-iris do desejo" inteiro, talvez possa achar essa resolução, mas serei o primeiro a aqui informar se isso acontecer.

Abraços a todos
Ton Joslin

Ton Joslin,  14 de abril de 2009 às 21:19  

vixi gente, cometi um equivoco, as aspas que eu disse ser do Geo é na verdade da Mariana.
Porém, minha angustia continua a mesma.

Ton Joslin

Anônimo,  14 de abril de 2009 às 21:27  

Acredito que o que o Grupo Encenação está propondo aqui é um "redescobrir" de Brecht no TO. Não se trata nunca, - pelo menos pelo que venho acopanhando as postagens - de se separar Teatro Épico de Teatro do Oprimido. É Justamente ao contrário. A questão é "como re-vitalizar o Teatro do Oprimido, para que este também discuta problemas mais estruturais, sem deixar de ser TO - Teatro Essencial?. Acho esse movimento de "re-descobrir" é muito importante para quem pretende fazer qualquer prática artística voltada à transformação Social. Que Boal, avançou em Relação ao Brecht, claro que sim. Ma daí desprezar toda contribuição do Teatro Épico ou melhor Teatro DIALÉTICO.? Não dá.
No aspecto que o Grupo Encenação está trazendo aqui o Teatro Dialético a "ação" continua a ser ainda desenvolvida/Realizada pelos espec-atores, e não pelos atores, como disse Geo Brito.Geo Estaria correto, se o Grupo apenas tivesse comparando um fazer teatral (Teatro Dilético) com outro ,(o Teatro do Oprimido),Não é esse o caso.

Alexandre Magalhães - Niteroi

Grupo Caos e Acaso de Teatro 14 de abril de 2009 às 21:42  

Concordo Com Alexandre
Não se trata de Comparação de uma fazer teatral ou Outro. Também não se trata de um retrocesso na Metodologia. Utilizamos os Principios teoricos e "metodologicos" do Teatro Dilético nas construções de nossos espetáculos de Teatro-Fórum e eles apenas nos auxiliam a ampliar as discussões que as Peças provocam. Mas não deixa de ser TO. É o TO que fazemos por aqui. Também compreendemos que nem toda opressão é classista, (não é sobre a classe despossuída como todo)e nem tão somente econômica. Pois se procedessemos desta foram estariamos "minando" o pensamento destes dois autores (Brecht e Boal)que não admitem que suas "teorias" sejam aplicadas na realidade simplesmente como "coisas" mecanicas. As opressões se dão em todas as eferas da vida social. Mas para nós - O grupo Caos e Acaso de Teatro do Oprimido - o limite é classe. Não dá para fazer TO do lado de Lá. Nisso Brecht e o Materilaismo Dialético - não não esqueçamos dele - contribuem. Estou escrevendo um Texto para explicar melhor estas concepsões e pretendo sociabiliza-lo em Breve.
abração a todos
GIl

Anônimo,  15 de abril de 2009 às 11:10  

Olá, concordo com o Geo quando afirma que o Teatro-Fórum é um "avanço", e como nós comentamos uma vez nos ensaios talvez este seria o próximo passo de Brecht. Porém gostaria de trazer um outro questionamento, ou até mesmo uma angústia, diria eu, é necessário que os oprimidos, os espectadores, para além de levantar do seu lugar em uma peça e tentar dar alternativas a uma opressão compreenda as relações que estão sendo apresentadas, compreenda o contexto em que a opressão acontece, compreenda o porquê é necessário levantar de seu lugar e tentar solucionar o problema. Neste sentido é que discordo do que o Geo trouxe quando afirmou que "no T.Epico a açao é realizada pelos atores e nao pelos espectadores, que continuam sendo espectadores(aqueles que veem e esperam)" será que é este o objetivo que se têm ao realizar o T. Épico? Concordo, na apresentação os espectadores são espectadores, mas a apresentação não se esgota em si, ela tem por trás toda uma elaboração, um posicionamento político, um objetivo, portanto acredito que a reflexão, e a compreensão de determinado contexto social, de exploração, leve os espectadores à ações reais...
Conforme disse o Alexandre e o Gil, não estamos aqui sobrepondo metodologias, estamos procurando nos aprofundar e conhecer melhor Brecht e Boal, procurando realizar um teatro dialético visando a transformação social...

Bom galera é isso...

Mariana
Grupo Encenação de T.O.

Anônimo,  15 de abril de 2009 às 21:09  

Concordo com o Grupo Caos e Acaso (legal o nome do Grupo, heim..)Tanto a Teoria Brechtiana como a De Boal, não são mecãnicas. Não podem ser aplicadas friamente à nossa realidade como formulas prontas. O distancimento, por exemplo, foi concebido em uma determinada época histórica, que não é a mesma de hoje. Deve ser analisado, reformulado - Olha aí o Trabalho da Cia do Latão, por exemplo...da Mesma maneira o TO. Que um método pode vir a somar à outro, que venha e some. Agora, dizer que só o ato de entrar em cena ( como é o caso do Teatro-Fórum) é propor uma ativação concreta dos espectadores e que as demais formas teatrais deixam os espectadores "passivos", para mim, não dá. È desvalorizar todo o potencial transformador do fazer teatral. Não faço TO. faço Teatro de Rua. E sei muito bem do poder de "ativação" que esta linguagem tem. Aí, eu concordo com a Mariana...o Cra pode muito bem entrar em cena, dar uma laternativa estremamente reacionaria e ser aplaudido. Já vi isso acontecer em POA. Com Boal Assistindo e tudo. não adiantou o Curinga se contorcer depois. A plateia aplaudiu a "alternativa reacionária" e o Curinga teve que aceitar como "valida".
abração
Dagoberto - Viamão RS

Anônimo,  17 de abril de 2009 às 08:40  

Essa sitação que o Geo trouxe está na capa do "teatro como Arte marcial do Boal". Realmente, neste livro o Boal fala do Brecht e Teatro Épico nesta Perpectiva. E nesta Perpectiva tem razão Geo Tem razão. Agora, um Teatro do Oprimido com "traços do Teatro Épico", pelo que o grupo está colocando aqui é um novo caminho...vale a pena discutir isso mais profundamente. Tem algumas experiências sendo Realizada por aí...a da Fábrica São paulo, por exemplo.

Marcelo - São Paulo SP

Quintalvolants 17 de abril de 2009 às 09:25  

Não sei bem o que pensa o Augusto Boal de hoje, mas o Augusto Boal de 1968 escreveu em seu artigo "Elogio Fúnebre do Teatro Brasileiro" o seguinte: Fazem teatro Clássico não os que encenam peças clássicas, mas "os que procuram desenvolver e cristalizar um mesmo estilo através de seus vários espetáculos".

É isso aí, estamos a procura da nossa forma de fazer, sem a cristalização da forma.

Hugo 20 de abril de 2009 às 21:39  

O comentário de Geo Brito desconsidera uma fator importante do Teatro de Brecht: suas experiências com a peça didática, nas quais com certeza Boal teve acesso. Através destas experiências Brecht propôe ao mesmo tempo uma nova escritura dramaturgica, uma nova prática de encenação e uma nova técnica de atuação. O teatro, espçao mediador entre o espectador e o mundo, é colocado à serviço de uma verdadeira pedagogia social: interrogando-se diante das contradições de uma realidade que a cena já lhe apresenta mais como evidente, mas sim como passível de ser transformada, o espectador se prepara para agir sobre o mundo e modificá-lo.

Laís 20 de abril de 2009 às 21:42  

Mas tudo isso que o Hugo colocou, acontece no TO de Forma direta e o Objetiva, até nas peças didáticas de Brecht, essa preparação e ativação do espectador e subjetiva, por isso concordo com a colocação do Geo.
Laís

Ricardo 20 de abril de 2009 às 21:55  

Olha eu aqui de novo...
desculpem a ousadia de estar "monopolizando" o Debate, mas não consigo ficar só na leitura:
concordo inteiramente com a a companheira Mariana: "é necessário que os oprimidos, os espectadores, para além de levantar do seu lugar em uma peça e tentar dar alternativas a uma opressão compreenda as relações que estão sendo apresentadas, compreenda o contexto em que a opressão acontece, compreenda o porquê é necessário levantar de seu lugar e tentar solucionar o problema."
Isto é, é preciso resgatar o valor histórico-social da cotidianidade. Aquilo que Brecht considera significativo, do ponto de vista histórico-social, está caracterizado em duas tendências de ensino que são recorrentes em suas obras, e que deveriam, pelo em tese, se fazer "mais presente na prática do TO: o esforço do esclarecimento das realações dos homens com seus sentimentos e da relação indivíduo e sociedade. Ação/reflexão são realcionadas de maneira sistemática uma com a outra no exercicío de uma peça didática.

Ricardo

Caetano 20 de abril de 2009 às 22:11  

Sou ARTISTA e não EDUCADOR, minha função é outra; deveríamos passar ao largo da catequisação da luta de classes que este governo inflama.
Que as EXCEÇÕES destes casos possam produzir mais e PENSAR este País!
Poucas vezes encontramos um diálogo aberto e honesto nos espetáculos apresentados em São Paulo, comunicar não é mais a razão de estrear um espetáculo, tudo se resume a um sindicalismo frouxo e burro. A obra já não fala por si (que me perdoe Adorno), é preciso fazer um ‘movimento’ (que me perdoe Caetano Veloso)! Uma geração inteira de artistas que começou a respirar após a ditadura ainda está bastante imatura para lidar com certos valores de liberdade e capitalismo (que me perdoe Marx).
Desconhecem princípios sobre a ética (que me perdoe Espinosa) e banalizaram o mal (sorry Hannah Arendt).
Nós artistas de uma hora para outra nos transformamos todos numa espécie de ‘ativistas humanitários-culturais’! Não basta a ‘nossa causa’ é preciso ter “contrapartida social” para isso e aquilo e agora também nos exigem “medidas preventivas contra o impacto ambiental negativo”… que ‘po*&%$%a’ é isso? Tudo agora tem de ser carbon free, sustentável, ecológico, etc.
E eu digo: “é só uma pecinha de teatro senhor!”, “é apenas uma ópera madame!”, “é só um showzinho presidente!”

Qual o papel do Artista na burocracia contemporânea deste rosário sem fim ‘pseudo politicamente correto’? Produzir/Poluir?
Tá certo também que parte da ‘classe’ exigiu seu reconhecimento depois de palestras, encontros e ’sufrágios democráticos’ (contando os braços erguidos ‘a favor’) num movimento batizado de “Arte contra a Barbárie” (!), resultando dentre outras aberrações ‘excludentes’ num tal “Fomento para as Artes”.
É isso então, lutaram contra a ‘barbárie’ (seria o ‘capitalismo do teatrão’), ganharam o ‘fomento’ e hoje são todos ‘ativistas’ de plantão defendendo o seu espaço (físico) alugado produzindo pouco para pouquíssimos (às vezes até muito para ‘muitíssimos’, mas não faz diferença), fazendo muito barulho para não largarem o ‘osso fomentado’.
Viraram ‘educadores’, plantaram sementes (paúba?), reciclaram seus programas (ou ‘pogrom/погром’) em troca de quê?

Nem prêmios nos credenciam mais. Um Shell (poluidora?) desacreditado vale hoje muito menos do que o antigo Molière (passagem para Paris ida e volta sem nenhum dinheiro!). Prêmios também viraram ‘contrapartida social’ das empresas que usam artistas como mico de circo: Prêmio Bravo, Contigo, Coca-Cola, etc… nenhum deles trazem público e muito menos prestígio.
A indiferença é triste e gritante.


O resultado do que se busca é o contrário, o teatro brasileiro está fomentando o emburrecimento do seu público.

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