SÓ UMA REFLEXÃO...

quarta-feira, 1 de abril de 2009


VI ONTEM UM BICHO
NA IMUNDICE DO PÁTIO
CATANDO COMIDA ENTRE OS DETRITOS

QUANDO ACHAVA ALGUMA COISA
NÃO EXAMINAVA NEM CHEIRAVA
ENGOLIA COM VORACIDADE

O BICHO NÃO ERA UM CÃO
NÃO ERA UM GATO
NÃO ERA UM RATO

O BICHO, MEU DEUS, ERA UM HOMEM.

(MANUEL BANDEIRA)

O poema acima seria utilizado pelo nosso grupo (Encenação) como o Prólogo da peça: "O Ensaio sobre o papel", porém no decorrer do processo acabamos não o inserindo na apresentação. O prólogo é o momento no qual tem por objetivo trazer elementos significativos da peça, introduzindo o tema a ser abordado (pelo que entendo...)

Bom, a peça "O Ensaio sobre o papel" foi trabalhada pelo nosso grupo no ano de 2008. A peça apresenta um diálogo entre o Teatro do Oprimido e o Teatro Épico. Diálogo esse que só compreendi atualmente, quando nosso grupo se propôs a conhecer melhor o Teatro Épico. Gostaria de me ater à essa discussão "Teatro do Oprimido e Teatro Épico"...

Primeiramente gostaria de ressaltar e esclarecer que esse é um esboço, uma questão que me intriga e portanto me leva à refletir. O Teatro do Oprimido traz ao palco questões reais, vivenciadas por pessoas que de uma forma ou de outra acabam sofrendo as opressões causadas por uma sociedade capitalista, exploradora. Portanto, ao trazer em cena as opressões vividas pelo ator, o Teatro do Oprimido permite a indagação e reflexão dos demais espect-atores que também passam por opressões semelhantes, visando encontrar uma solução para acabar com a opressão apresentada. Eu particularmente sempre me indaguei sobre os efeitos e as consequências promovidas por uma peça de Teatro do Oprimido, portanto acredito que um fator essencial que deve se fazer sempre presente para quem trabalha com o T.O. são os objetivos que se têm ao elaborar um Teatro Fórum: conformação ou transformação? Entende-se aqui a transformação dum contexto mais amplo, não apenas do ambiente específico em que o oprimido se insere, pois a opressão não tem sua origem nesse campo isolado, mas sim em um contexto de mediações e contradições que determinam as ações das pessoas envolvidas. É por isso que se faz extremamente necessário que os atores e espect-atores tenham claro o objetivo do teatro, que não é a simples resolução da opressão micro, mas também a busca de uma transformação social. Nesse sentido o Teatro do Oprimido e o Teatro Épico, apesar das características técnicas distintas tem muito a contribuir um para o outro, pois como o Teatro Épico que objetiva apresentar as contradições do sistema e proporcionar uma maior reflexão e ação dos espectadores trazendo elementos que colaboram para a compreensão das contradições da sociedade e sua necessidade de superação, o Teatro do Oprimido também tem essa "desopressão" como objetivo.

Além da pequena reflexão acima, acredito que ainda temos muito o que aprender e compreender sobre o Teatro Épico e o Teatro do Oprimido, portanto gostaria que dessemos continuidade à reflexão, postanto mais sobre esse tema... E discutindo a respeito.

Mariana



22 comentários:

Anônimo,  1 de abril de 2009 às 12:52  

mas aí é que está Mari...
vo passar a BATATA QUENTE que foi passada para mim...
Como fazer este diálogo entre Teatro Épico e Teatro do Oprimido sem perder de vista o TEATRO ESSENCIAL...sem perder de vista a metodologia do TO????

hein hein....
até amanha no ensaio.
bjos

Débora.

Anônimo,  1 de abril de 2009 às 17:18  

Não conheço essa Questão do Teatro Essencial para o Boal. mas uma coisa é certa: para Boal o Oprimido é o Individuo...a opressão é realcional (pelo menos nas cenas de Teatro-fórum que vi)e Brecht a questão é a classe. A classe Oprimida. A classe despossuída. Brecht discute questões de seu tempo. Boal, o Individuo dentro das classes. Eu prefiro a ótica do Brecht, por que luto pela superação de um modo de produção capitalista. (aí é outra questão).
Parabens ao Grupo, Conheço o trabalho do Gil e do Grupo Caos e Acaso (precencialmente até 1999), depois pela internet. Essa discussão de um Teatro como polica sempre esteve dentro do programa do grupo.Legal vcs estarem pensando essa contradição dentro da própria prática do GRupo. Vou ver se consegui ir para Mostra deste ano.

Alessandro Coti - Diretor Teatral e Militante
Belo Horizonte MG

Quintalvolants 2 de abril de 2009 às 06:19  

Boa questão a ser levantada pelo companheiro de Belo Horizonte. Boal analiza o problema específico vivido pelo indivíduo, enquanto Brecht analiza a classe. Acredito que da forma como vem sendo desenvolvido pela Fábrica de Teatro do Oprimido esse processo de diálogo entre os dois até então é bem possível. Os grupos tem inserido prológos, fezendo o problema permear do macro para o micro, além é claro de outras inserções Brechtianas, mas as discussões agora não ficam somente com o teatro essencial, mas também com o estranhamento e de que forma isso esta atingindo e transformando o público que assinte?
Vamos pensar. Também ando sem respostas!

Grupo EncenAção de Teatro 2 de abril de 2009 às 11:05  

Essa questão que o Alessandro levantou a respeito da diferença entre Brecht e Boal acredito ser bastante válida: Boal foca o individuo que faz parte de uma classe... Uhn, não sei se simplesmente o indivíduo, acredito que a opressão possa ser considerada o foco de análise. Que como já disse no que escrevi acima não podemos enxergar a opressão desvinculada do contexto em que a mesma está inserida. Acredito também que é possível utilizar de qualquer metodologia, inclusive a proposta do Teatro Épico de Brecht (que tem esse carater politizador) e modificar totalmente o objetivo da peça, do trabalho realizado, transformando-o em algo vazio, sem sentido e que apenas reproduza a sociedade atual... O que quero dizer é que podemos utilizar o Teatro do Oprimido de Boal para uma ação reformadora, que legitima as diferenças de classe e as opressões, assim como modemos utilizar dessa metodologia como forma de um teatro político, engajado, que não se foca apenas no individuo, mas traz uma discussão mais ampla das relações sociais e de produção... Bom, espero que os companheiros tenham me compreendido.
Fico feliz em ver que mais pessoas se propõe a essa discussão e espero que não paremos por aí...
Em Novembro temos a Mostra, um ótimo momento para nos unirmos e discutirmos!

Abços,

Mariana
Grupo Encenação

Ton Joslin 2 de abril de 2009 às 18:44  

Questão das mais fundamentais essa levantada pelo grupo encenação.
O teatro do Oprimido perde seu vies transformador se deixa de focar as contradiçoes construidas socialmente, uma opressão em um individuo não seria a relação mais gritante na relação dominante e dominado? não seria a manifestação mais clara de um conflito que é vigente em nossa sociedade?.
No entanto na metodologia de Boal, essa relação dominante e dominado parece estrapolar o campo economico e ir pra outras configuraçoes de antagonismo,uma mulher que é espancada pelo seu marido é um conflito de classes?
A finalidade ultima do Teatro do Oprimido é achar a essência do conflito, isso sempre passa pelo social, porem nem sempre pelo economico. Boal representou um avanço a Brecht, pois olha pra relaçoes de opressão que passa pelos campos sociais, morais, culturais e politicos.
Se a essencia do conflito é de classes isso tem que ser monstrado, mas nem sempre a opressão é classista.
No entando o uso de um recurso como o teatro épico, para se tentar mostrar essa essencia do problema, é sempre valida na minha opinião.

Ton Joslin

Anônimo,  3 de abril de 2009 às 06:46  

Observaçao importante Ton. Pode ser que nem sempre a opressao seja de "classes", mas mesmo que "nao" seja, que se queira mudar a situaçao de um "tipo" de opressao, o que nao se pode é descaracterizar a história escolhida pelo grupo, usar porcamente o recurso da "alegoria" no TO, para teatralizar, para tornar atrativo.Já que é pra discutir individualmente que seja sincero, para que as alternativas que irao surgir nao sejam falsas ou com base numa realidade que nao existe. Usar desse recurso nao para segregar, encontrar uma maneira para unir nao só, por exemplo, as mulheres espancadas pelos maridos, mas fazer uma ligaçao pra que essas percebam as outras mulheres que por vezes sao assediadas nos ambiente de trabalho, com aquelas que trabalham numa fábrica e sao obrigadas a se submeter a um tipo de "uniforme", mesmo que esteja frio, calor,(isso acontece numa fábrica aqui perto da minha casa), sabe...fazer com que os oprimidos se percebam uns aos outros, para poder trasformar de fato a realidade. Acredito que por vezes um prólogo épico, pode ajudar nesse sentido.
É complicado...O que vcs acham?



Débora.

Quintalvolants 3 de abril de 2009 às 13:44  

O que percebo companheiros é que compartilhamos todos de um mesmo descontento. Não que o teatro do oprimido não venha sendo utilizado em prol de sua finalidade última, mas que talvez não venha tendo em sua prática a profundidade e a seriedade a que se propõe, motivo pelo qual surgiu. Não generalizo é claro, mas percebemos na prática atual. O próprio Augusto Boal repete-se inumeras vezes na democratização do método em prol da especificidade de cada grupo, acredito que esta seja a busca atual, a utilização dessa arma (aqui deixo bem claro, arma que luta em favor de uma classe oprimida e nunca o contrário)dentro das necessidades e da realidade de cada um. A meu ver o prólogo, o distânciamento, o estranhamento e tudo mais, só vem a agregar nosso trabalho que por nós é bem mais que isso, é nosa luta.
Essa nova construção deve ser conjunta, pois trata-se da necessidade atual, da realidade em que vivemos e não há ditadura em pleno século XX ou ortodoxia que saiba mais do que nós, quais são as nossas necessidades!

Anônimo,  3 de abril de 2009 às 21:20  

Um Momento Gente. Está escapando aqui uma questão fundamental: Ação Direta.Essa é Diferença. Boal nos diz que devemos lutar contra a opressão na Vida Real. Não só tomar conhecimento dos Problemas estruturais, mais sim daquilo que se pode fazer, aqui, e agora..(ou não fazer agora, mas futuramente)

O objetivo do Teatro do Oprimido é uma transformação real. E não apenas o seu reconhecimento. Não é só preciso saber o que fazer. É preciso fazer. Sabemos que é preciso superar o modo de produção capitalista. Mas como romper com o elo de opressões que ele implementa? Onde devemos romper com a cadeia de opressões? No dia-a dia. Nas relações sociais mais elementares. No seio da familia, da Escola, do ambiente de trabalho, etc. Essa é a Revolução. Começa de baixo para cima. Se pensarmos sempre em termos de classe, os problemas urgentes não serão resolvidos nunca. Ação direta. Concreta. O teatro Épico, nos faz conhecer a Realidade estrutural sim. Mas e ai? O TO pensa a ação concreta.

parabéns ao grupo por abrir este espaço de participação democratica.

Laís - Arte Educadora Multiplicadora de TO
Montes Claros - MG

Anônimo,  4 de abril de 2009 às 06:41  

Na vida cotidiana, os conflitos com freqüência se caracterizam como conflito entre os valores que se definem nas representações e práticas do "pequeno mundo" e os valores que se definem a partir dos sistemas irradiados de representações e práticas, os valores propriamente sociais e políticos do "grande mundo". Estes conflitos convocam, reiteradamente, os particulares a assumirem uma posição de sujeitos.
Entretanto, os particulares, com maior freqüência, atravessam as situações cotidianas de conflito (mesmo as situações mais limite) como "sujeitos" de uma ideologia (na realidade, como "objetos" de uma Organização). Do mesmo modo que a Organização (o Mercado, o Estado, a Burocracia, a Tecnologia, a Empresa etc.) se consolidou como o meio tecnicamente eficaz de produzir a unidade, conjurando ao máximo o risco da indeterminação social, neutralizando toda contradição ou forma de conflito que possa ameaçar-nos com a desagregação, a ideologia se consolidou como o meio simbolicamente eficaz de produzir uma consciência unitária do mundo (do "grande" e do "pequeno mundo"),
Ação Concreta é um produto dos Homens em seu meio. Mas como Produzir uma ação eficaz desalienate, se esta ação é construida mediada e subscrita (não ultrapassa) a própria as proprias condições alienadas do Sujeito.

Ricardo Silva
Rio De Janeiro - RJ

Roberto Sales (Gil) 5 de abril de 2009 às 11:33  

Acredito que, ambos as perpectivas (brecht e Boal)tragam contribuições para uma prática teatral emancipadora e que vise uma desalienação de quem faz teatrao e para aquele a quem o teatro se destina. Ambas trazem contribuições quando se pensa na superação de uma sociedade de classes e do sistema capitalista. O que é anti-ético é utiliza-las, ambas, fora de seu contexto histórico, para ampliar a alienação dos individuos e consolidar ainda nais o Modo de Produção capitalista. Tem grandes produtoras transformando a obra Brecht em Mercadoria. Tem praticante de TO utilizando a metodologia de Boal para o "ajustamento Social". Tem sim. Isso é fato. É só olhar com sinceridade para as experiências atuais nas duas linhas de atuação. Ambas, se transvetem de uma "Forma social" Portanto, um diálogo entre as duas perpectivas que não leve em conta estes aspectos, corre o risco de se bater e ser também absorvido pela otica ideologica do Capital.

Ton Joslin 5 de abril de 2009 às 21:48  

Nossa gente, que legal esse debate todo por aqui, parabens pra nós.
Debora eu acho super valido sim usar o teatro epico, desde que, todo o processo de criação seja feito por todo grupo e não apenas um, pois acho fundamental a necessidade que ali esteja uma visão do grupo, se a exploração da força de trabalho esta sendo analisada e exposta em uma peça, a cena epica que faz a ponte do individual para social, tem que ser compartilhado por todos do grupo, entender o porque aquilo esta lá.
Lais acho que ninguem aqui pensa em tirar a ação pratica, a cena forum esta ali e faz justamente esse papel, porem discutir assuntos e não mostrar a raiz do problema, que é social, acaba tornando a discussão apenas uma auto-ajuda, como o metodo pode ser transformador se ele naum gera uma reflexão do nosso meio social? concordo plenamente que as mudanças são de baixo para cima, mas so havera mudança quando a sociedade entender o por que dos conflitos no interior dessa. É nesse ponto que entra a contribuição do teatro épico.
Bom gente é isso, abraços a todos vocês meus amigos.

Ton Joslin

Laís 6 de abril de 2009 às 14:39  

Conconcordo com vocês. Mas acredito que o TO já possua uma boa sistematização destas questões. Não precisamos buscar conceitos em outras metodologias para entender o que estamos fazendo . Boal sempre nos colaca a questão de Universalizar o que aparece como Individual. Não estou dizendo que sou contra diálogos com outras metodologias teatrais. Só estou dizendo que já temos um arsenal sufiente, e uma teoria bastante consistente para pensarmos a partir das bases do TO.
E outra questão. O TO é o Teatro do Oprimido de Classe e o do Oprimido no interior dessa classe, por que dentro da classe despossuída existem relações de opressão. Pensar o TO como sendo do oprimido de Classe é voltar a roda da história para trás. Isso é retoceder.

Laís - Arte Educadora Multiplicadora de TO
Montes Claros - MG

Anônimo,  7 de abril de 2009 às 09:37  

Para a colega Laís:
Gostaria, se for possível, que voce exemplifique a "questao de Universalizar o que aparece como individual". Alguma situaçao que tenha ocorrido com o grupo de TO que vc multiplica. Voce teve dificuldades metodológicas em algum momento? Quais? Seja nas oficinas, no fórum, quais foram os efeitos práticos?Como resolveu?

na verdade essa é uma dúvida minha. Se for possível compartilhar esse exemplo, pra ilustrar esse debate, seria legal.


Muito obrigada Laís.
Obrigada a todos.

Débora Oliveira.
Encenaçao de TO.

Michelli Daros,  7 de abril de 2009 às 14:15  

Para a colega Laís:
Lais, não entendi muito bem em seu último comentário " que pensar o TO como sendo do Oprimido de Classe é voltar a roda da história para trás.."
Se vc puder esclarecer, agradeço.
Também gostaria de emitir uma opinião sobre este comentário em que vc fala da metodologia, das bases já "prontas" do TO.
Acho que o ser humano, dado ser social é inacabado, se projeta, se redefine no movimento histórico.Assim, em todo momento há a reflexão, a crítica, o questionamento. Acredito que tenhamos sim um arsenal para partir das bases do TO,mas também acredito que esta construção deve ser refletida, discutida, analisada, para novas construções dos sujeitos históricos que dela fazem parte.
Valeu, galera!
A discussão tá massa!

Michelli Daros
Encenação de TO

Ton Joslin 8 de abril de 2009 às 09:07  

Lais, minha querida, que bom poder gerar todo esse debate, isso que faz com que as coisas sigam em frente.
Toda minha preocupação sobre esse tema, se tem feito por preocupação de um certo dialogo entre social e individual, vi algumas peças forum que naum fazem esse debate e isso é problematico.Se mostra a vontade do oprimido, a contra vontade do opressor ate o momento extremo do conflito, onde o oprimido perde. Em "teatro do oprimido e outras poeticas poeticas", boal ao explicar a diferença entre Hegel e Brecht diz:
"Como ja vimos, para todas poeticas idealistas(Hegel, Aristoteles e outros)o personagem ja nasce com todas as suas faculdades e propensos a certas paixões. Suas caracteristicas fundamentais são imanentes. Para Brecht, ao contrario,não existe "natureza humana" e, portanto, ninguem é o que é porque sim! É necessario buscar as causas que faz com que cada um seja o que é".
Portanto brecht consegue resolver esse problema das forças sociais que é a causa primeira da opressão, por isso a necessidade desse dialogo, não é rodar a roda da historia pra tras, fariamos isso se ficassemos apenas debatendo um problema individual sem esboçar o que torna aquilo universalisante, o universal é social, aquilo que é comum a todos.
Concordo que as vezes a coisa não é de classe, como ja citei o caso de uma mulher que espancada pelo marido, isso pode acontecer com o burgues e tambem com o trabalhador, porem ela tambem tem uma construção historica e social que deve ser permeada pra se universalisar o dialogo, acho que é isso.

Abraços a todos vocês companheiros

Laís 8 de abril de 2009 às 16:39  

Olá Tom...
Concordo com Você, mas temos que ter em mente que estamos fazendo TO, e não Teatro Épico. Existe Toda uma forma Própria de Construir essa Relação na Metodologia. Tem que universalisar o Debate mesmo, se não não dá.
mas existe todo um sistema de trabalho, a contrapreparação...E além do mais do Debate é feito no interior do Grupo Oprimido, e não para toda uma Classe, e nem para um um indivíduo.
Respondendo a Débora :Eu trabalho com um Grupo de Mulheres, empregadas domésticas. montamos duas cenas E discutimos as suas relações trabalhistas(em uma), e problemas de violência doméstica ( que elas sofrem dentro de casa), e com isso acredito estar discutindo todo o papel da mulher nos dias atuais. As alternativas encontradas nos ajudam a pensar nisso.
bjs

Anônimo,  8 de abril de 2009 às 16:40  

Poxa...
será que não existe mais nada de Brecht em Boal???

Anônimo,  8 de abril de 2009 às 17:59  

Minha cara amiga Laís

O que você me diz sobre teatro - jornal?
1ª técnica do TO criada por boal

Você acredita que se pode enxerga e buscar debater um problema mais social ou individual e por que essa técnica não é mais praticada dentro do TO?

Nos aqui de londrina já trabalhamos com duas peças de teatro – jornal

Pelo que eu o sei, tem fundamentos de teatro brechtiano, não deixa de ser uma essência do TO
Acredito eu....



Luca Zamyr
Encenação do TO

Anônimo,  8 de abril de 2009 às 20:41  

lais,
Se estamos fazendo um teatro com o oprimido, para o oprimido e, sobretudo, com a ética do oprimido, acredito eu que estamos de fato fazendo o teatro do oprimido! Rsrs
tudo o que nos cerca, inclusive o T.O, não só pode, como deve ser analisado e criticado para que possa haver um futuro avanço. O grande problema que estamos observando no modelo de T.F hoje, é que, ao invés de desalienar o sujeito e o conduzir para uma transformação efetiva, ele foca o individual, limitando toda a complexidade do problema a um simples fato. Você não pode por exemplo limitar o problema da violência urbana a estrutura familiar, ele é muito mais que isso. Resumindo, o T.F hoje esta sendo usado como um instrumento que "ajusta indivíduos em uma estrutura opressora" quando na verdade ele deveria ser uma ferramenta de transformação.
" é simples, pra ele não entrar nas drogas é so ele conversar com a mãe dele". Simples? foi muito o que já ouvi na platéia de T.F em problemas Muito complexos.
Ainda não sabemos exatamente o que, mais acreditamos que um dialogo entre o t.o e o teatro épico possa trazer muitos resultados bons nesse sentido. Mais é claro, que as criticas e sugestões estarão sempre muito bem vindas.
Muito legal a discussão eihn!!
beijão a todos

Ana Carolina
Emcenaçao de TO

Anônimo,  9 de abril de 2009 às 06:12  

obrigada laís, mas nao concordo quando diz que discute "TODO o papel da mulher atualmente", se for dentro destes temas até pode ser que sim.
Tenho que pensar.


Para o "anonimo que nao se identificou"...rsrs
Fala aí...estamos discutindo um aspecto, mas o que mais tem de BRECHT em BOAL?
O que voce tava pensando?
conte-nos.


Abraço gente

Débora.

Quintalvolants 9 de abril de 2009 às 17:04  

Cara Lais,

me desculpe mas é um grande equívoco reduzir os problemas referentes a mulher a questão trabalhista e a violência doméstica pura e simplesmente. Não diga isso na frente das feministas ou as que tenham um mínimo de conciência da realidade.

A discussão está muito boa, as fundamentações estão corretas e vc tem razão no que diz, o detalhe é que o Teatro do Oprimido enquanto método, à alguns é suficiente a outros não e o próprio Algusto Boal dá esta liberdade de que cada um se ajuste a ele.

Os métodos que se ajustam aos grupos e não o contrário!

Grande abraço companheira.

Ton Joslin,  12 de abril de 2009 às 19:37  

É isso ai gente, que firmeza todo essa papo aqui. rs
Lais, vc colocou o elemento maior na discussão na minha opinião!! a tal da contrapreparação.Essa etapa pra mim é onde podemos justamente trabalhar essa questão do social. Montar nessa parte uma cena que mostre apenas a vontade imediata do oprimido, ai eu acho que é rodar a roda da metodologia pra tras, fica complicado pois parece que vc ta debatendo só o fenomeno,o efeito; a essencia que é a causa do problema fica perdida na discussão.E isso ficando fora da discussão não nos leva a pensar se o metodo é mesmo uma arma pra transformação social? sera que emancipa o individuo na busca de entender a realidade que ela se depara?
Boal diz que o teatro de Brecht tras a concientização,enquanto o o T.O tras a ação, tirando o espectador da passividade, porem, ele vê e não desaprova a importancia dessa forma de fazer teatro, de mostrar que as relaçoes sociais mais estruturais é que levam a opressão.
Abraço a todos...

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