EncenAção 2009

quarta-feira, 18 de março de 2009

O Grupo EncenAção de Teatro do Oprimido mudou seu dia de ensaio. Agora, passou a ser às quintas-feiras: do 12:00 as 14:30, na Vila Cultural Casa do TO.


Neste primeiro momento do ano, o Grupo dedica-se ao Estudo do Teatro Épico de B. Brecht como também, dos Estudos de seus conceitos fundamentais como a DIALÉTICA.


Somente para contextualização:


Teatro Épico

O Teatro Épico teve seu início na Alemanha, durante o período da República de Weimar,
tendo como seu principal elaborador o diretor teatral Erwin Piscator, neste tempo as cenas
épicas tinha também o nome de cena piscator, dado o extensivo uso de cartazes e projeções
de filmes nas peças dirigidas por Piscator.

Bertolt Brecht elabora seus primeiros escritos sobre o teatro épico no prefácio a montagem de
uma de suas peças Ascenção e Queda da Cidade de Mahagonny, em 1929, onde ele monta um quadro de comparações e diferenças entre o teatro dramático e o teatro épico, destacando que eles não são antagônicos. O que pode ser comprovado por muitas das peças escritas por Brecht posteriormente, como Os Fuzis da Senhora Carrar ou Galileu Galilei.

Durante seu exílio, ao longo do período nazi-fascista na Alemanha e da II Guerra Mundial, ele aprofunda suas teses sobre este teatro, que, segundo Brecht teria em Charles Chaplin um modelo de interpretação épica, com sua personagem Carlitos. O próprio Brecht afirma que sempre existiu teatro épico, seja na intervenção do coro no teatro da Grécia clássica, na Ópera Chinesa e até no dadaísmo, tese bastante desenvolvida por Anatol Rosenfeld.


O Teatro Épico utiliza uma série de instrumentais diretamente ligados à técnica narrativa do
espetáculo, onde os mais significativos são: a comunicação direta entre ator e público, a música como comentário da ação, a ruptura de tempo-espaço entre as cenas, a exposição do urdimento, das coxias e do aparato cenotécnico, o posicionamento do ator como um crítico das ações da personagem que interpreta, e como um agente da história. Tais ingredientes estão em algumas importantes montagens dos anos 60. Os espetáculos Arena Conta Zumbi e Arena Conta Tiradentes, por exemplo, inauguram o sistema coringa, desenvolvido por Augusto Boal no Teatro de Arena, onde as soluções brechtianas são aclimatadas e empregadas em indisfarçável chave brasileira.

A existência de um narrador distanciado (o coringa) opõe-se à existência do protagonista (criado à maneira realista) e o coro (que pode ora pender para um lado, ora para outro). O emprego da música como comentário, a constante troca de papéis entre os atores e os saltos no desenvolvimento da trama são alguns dos recursos mais utilizados.


José Celso Martinez Corrêa, diretor, declara ao jornal O Estado de S. Paulo: "O teatro épico,
tendo um caráter demonstrativo, usa muitos elementos visuais e não só literários, o que o torna mais comunicativo para o público moderno, acostumado ao cinema e à tevê. O teatro épico é gostoso como um filme
".Em visita ao Berliner Ensemble, companhia fundada por Brecht na Alemanha, José Celso descobre o humor da atriz Helena Weigel e da linguagem do grupo.


A teoria do Teatro Épico consiste em uma forma de composição teatral que polemiza com as unidades de ação, espaço e tempo, como também as teorias de linearidade e uniformidade do drama fundamentadas em determinada compreensão da Poética de Aristóteles na França Renascentista. A catarse perde seu espaço nessa nova concepção teatral. Não cabe envolver o espectador em uma manta emocional de identidade com o personagem e fazê-lo sentir o drama como algo real, e sim despertá-lo como um ser social. Segundo Brecht, a catarse torna o homem passivo em relação ao mundo e o ideal é transformá-lo em alguém capaz de enxergar que os valores que regem o mundo podem e devem ser modificados.


Efeito V


O Teatro Épico tem como um de seus pressupostos o efeito de distanciamento ou estranhamento (Verfremdungseffekt, em alemão) por parte do espectador. O ator não busca uma identificação plena com a personagem. O cenário deixa a mostra toda a sua estrutura técnica, como forma de deixar claro que aquilo é teatro e não a realidade. O drama se desenvolve sem um encadeamento linear entre as cenas, de forma a poder misturar presente e passado procurando evitar o envolvimento pleno na trama, sempre com o intuito de despertar neste uma visão crítica do que se passa, de não dizer-lhe como deveria ser o desfecho dramático e sim fazê-lo refletir sobre. Estranhar tudo que é visto como natural, como disse Brecht.

Referências:


1. CORREA, José Celso Martinez. Depoimento. O Estado, São Paulo, 22 jan. 1966.
2. Wikipédia, a enciclopédia livre.
3. artigo de Eduardo Luiz Viveiros de Freitas em Dossiê Brecht - BRECHT Teatro, estética e
política 2005
4. Anatol Rosenfeld - O Teatro Épico - Editôra Perspectiva

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